Onde a justiça e a paz se beijaram.
“A misericórdia e a verdade se encontraram;
a justiça e a paz se beijaram.” Salmos 85:10 (CRF)
“... Em primeiro lugar, seu nome significa
"rei de justiça"; depois, "rei de Salém" quer dizer
"rei de paz".” Hb 7.2 (CRF)
“... onde Jesus, que nos precedeu, entrou
em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque.” Hb 6.20 (CRF)
Acredito que todos nós temos um
livro preferido na bíblia, no meu caso sempre deixo bem claro que o meu livro
favorito é o de Hebreus. Para mim é um enorme prazer passear por cada capítulo
deste livro enigmático, tanto quanto à autoria humana, pois quanto à autoria
divina não temos duvida que seja o Espírito Santo, quanto a alguns trechos do
livro.
Quando lemos Hebreus nos
deparamos com uma parte que exige dedicação para que possamos interpretar. A
parte que exige dedicação é quando lemos acerca de Melquisedeque uma figura
emblemática do velho testamento, o autor de Hebreus nos diz que Jesus é Sumo
sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. O que isso tem a nos dizer?
Não podemos nos esquecer de que
todo Sumo sacerdote vinha da linhagem ou era segundo a ordem de Arão, além
disso, eles eram da tribo de Levi. Segundo o livro de Hebreus, Jesus é o nosso
Sumo sacerdote, ele é a realidade da sombra que Arão representava. Mas Jesus
não era dá tribo de Levi e sim da tribo de Judá. Então Hebreus nos diz que ele
é o Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque.
Melquisedeque era no velho
testamento um tipo do Senhor Jesus, em Gn 14.18 lemos que após vencer uma
batalha Abraão (o pai da fé), tem um encontro com esse Melquisedeque que no
texto é descrito como Rei de Salém e Sacerdote do Altíssimo (El-Elyon).
“Então
Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho”
Gênesis 14:18
Vemos que Melquisedeque então era
um Rei Sacerdote, os dá linhagem de Arão jamais tiveram esse privilégio de
serem reis sacerdotes, em (Zc 6.10 – 11) o Sumo sacerdote Josué recebe como um
ato profético coroas (sobre isso podemos
abordar em outra oportunidade) sobre sua cabeça, assim aquele Sumo
sacerdote um símbolo de Jesus no velho testamento se torna um Rei sacerdote, o
verso de numero treze nos diz que Ele (Jesus, o Renovo (Zc 6.12)) seria
sacerdote em seu trono e Ele conseguiria casar as duas funções.
Assim quando lemos que Jesus é
Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, é porque Jesus a semelhança
deste Melquisedeque e do Sumo Sacerdote Josué é um Rei Sacerdote (Governa e
Ministra).
Agora em Hebreus 7.2 nos é dado mais
um detalhe que alia o nome de Melquisedeque ao nome da localidade de onde ele
pertencia, Melquisedeque tem como tradução “rei de justiça” e a localidade onde
ele reina é Salém que traduzido é paz. Temos Justiça e Paz.
Melquisedeque prefigurava o beijo,
o casamento entre a justiça e a paz, entre o Rei que julga e o Sacerdote que
intercede.
O salmo 85.10 profetizava que um
dia a sombra se tornaria uma realidade, que aquilo que Melquisedeque
prefigurava se tornaria real, um dia a justiça e a paz haveriam de se beijar,
se unir.
E onde Justiça e Paz se beijaram?
Quando o Senhor Jesus foi pendurado no madeiro, quando na cruz ele agiu com
justiça, julgando o pecado sobre si, e assim reconciliando o homem com Deus, na
Cruz a paz foi restabelecida.
Deus é justo e por isso seu
caráter, sua natureza clama para que todo ato pecaminoso seja devidamente
julgado, desta forma os pecadores jamais poderiam se relacionar com o Deus
Santo e ainda teriam que receber a justa retribuição por seus atos e sua
natureza pecaminosa.
Nossos pecados e nossa natureza
pecaminosa nos faziam alvos da justiça divina, nos colocavam na posição de
inimigos de Deus. Os animais sacrificados na antiga aliança só podiam empurrar
o julgamento para adiante, ou seja, só podiam adiar o juízo de Deus.
Mas outro aspecto do caráter, da
natureza de Deus é o Amor, assim do seu interior havia um clamor por
reconciliação com sua criação. Como Deus poderia ser justo, julgando o pecado e
ainda assim reconciliar os pecadores consigo? A justiça de Deus clamava por “morte
aos pecadores”, mas seu amor clamava por “salve os pecadores”.
Deus não poderia ignorar os
pecados, pois ele é Santo e Justo. Ele não poderia agir só por amor e deixar
que nossos pecados permanecessem sem punição, pois isso feriria diretamente sua
santidade, seu caráter, sua essência. Também não poderia condenar a todos sem
providenciar-lhes salvação, pois isso feriria seu amor, sua justiça, seu
caráter e sua essência. Então entra em cena Rm 3.26 que nos diz que ele em
Cristo Jesus tornou-se justo (julgando o pecado) e justificador (providenciando
um meio para salvação).
Você compreende que na Cruz a
justiça e a paz se beijaram, se casaram. Jesus desta forma é para nós um Rei de
Justiça e de Paz. Ele julgou nossos pecados em si mesmo e nos reconciliou
consigo (2 Co 5.18). Diante disso Paulo nos diz onde está o orgulho, a
vanglória? (Rm 3.27) Visto que o ato de nossa salvação é totalmente um ato
divino? Não há lugar para nos gloriarmos, porque nenhuma obra pode fazer o que
Jesus fez por nós na Cruz, nossa parte apenas é pela fé recebermos a justiça e
a paz, providenciadas por Deus.
O texto de Gn 14.18 também nos
diz que este Melquisedeque “Rei de Justiça e Rei de Paz” esse “Rei Sacerdote”,
ministrou a Abraão (o pai dos que creem) pão e vinho, esses elementos eram mais
que um símbolo, eles mostravam uma realidade, de que ao participar daquela mesa
Abraão pela fé se faria participante da Justiça (Vinho - sangue) e da Paz (Pão
- carne) providenciadas pelo Senhor. Você consegue entender que a semelhança de
nosso pai Abraão, quando participamos da mesa do Senhor (Ceia), nos tornamos
participantes de sua justiça e paz ministradas lá na cruz.
Outro detalhe é que Melquisedeque
era sacerdote do Deus altíssimo, no hebraico El-Elyon, que não é apenas
traduzido como Deus Altíssimo, mas também como o Deus que faz um pacto, uma
aliança. Deus estava fazendo um pacto, uma aliança com Abraão utilizando como
símbolos daquele pacto o pão e o vinho. Agora podemos entender quando Jesus
disse que Abraão havia visto os dias do Senhor e se alegrado (Jo 8.56). Através
de Melquisedeque Abraão viu a justiça e a paz se beijando, aquele vinho e pão
profetizavam que um dia a justiça (vinho) e a paz (pão), haveriam de se beijar.
“Pai
te louvamos por quem tu és: Santo, Justo e Amor. Te louvamos por não deixar
nossos pecados impunes, mas julgá-los de forma devida na Cruz e dessa forma nos
providenciastes um meio pelo qual pudéssemos ser reconciliados contigo. Assim
como Abraão pela fé nos apropriamos do beijo da justiça e da paz. Obrigado
Senhor, em nome de Jesus Cristo, Amém.”
Da próxima vez que você
participar da mesa do Senhor, olhe o pão e o vinho da ótica dessa meditação.
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