terça-feira, 11 de junho de 2013



Uma palavra para os fracos.

Parte I

Por Marcio Gonçalves (Ap.)

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” Hebreus 4:15

 

Já disse várias vezes que meu livro bíblico do coração é a carta aos Hebreus, como eu me identifico, com cada capítulo desta carta. Na verdade o meu sonho é um dia escrever um livro sobre Hebreus.
Mas de todos os capítulos o trecho que mais gosto é o citado acima, creio que porque muito cedo em minha vida cristã descobri que tenho fraquezas que não consigo vence-las. Sei que você não possui fraquezas, mas eu sim, então essa meditação na verdade é mais para mim do que para você. (Rsrsrs)
O autor de Hebreus começa o capítulo quatro continuando uma conversa sobre herdar as promessas de Deus, sobre herdar nossa Canaã, nossa terra do repouso. A terra de Canaã, muitas vezes é tida como um símbolo do céu, mas o que acredito que ela fala mais de nossa vida em Cristo, assim a tomada total de Canaã, seria nossa experiência em experimentar a plenitude de Cristo. Nesta caminhada rumo a viver a plenitude de Cristo temos que enfrentar e derrotar muitos inimigos a medida que avançamos, assim como os Israelitas.
O autor de Hebreus exorta aos cristãos sobre o perigo de não herdarmos nossa terra, assim como a geração que saiu do Egito, ou seja, podemos ter saído do mundo (experiência de salvação), mas ainda assim não experimentarmos a plenitude daquele que nos salvou.
Quantos cristãos tiveram uma experiência de salvação, mas estão vivendo no deserto, sem entrar em uma experiência mais profunda com o Senhor, sem experimentar Cristo Jesus de forma plena. Entenda irmão a vida cristã é conhecer a cristo e continuar conhecendo de forma a experimentar sua plenitude.
E o que levou Israel ao fracasso? A resposta é a desobediência a palavra de Deus. “Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência,” Hebreus 4:6
Israel recebeu a palavra do Senhor, a Lei de Deus e a obediência traria a conquista da terra. O que precisamos entender é que a lei dada aos israelitas tinha um objetivo, esse objetivo era mostrar a total incapacidade humana em obedecer a Deus através de sua lei. A lei tinha e tem a incumbência de mostrar nossas fraquezas, nossa total incapacidade de andar nos padrões divinos.
Quando Jesus fez uma interpretação da lei, ele mostrou que a transgressão da lei é algo mais profundo do que imaginamos, pois está ligada mais as motivações e intenções do coração do que ao ato transgressor propriamente dito.
Quando olhamos por essa ótica, então compreendemos o quão fracos somos. A Lei diz: “Não adulterarás.”, temos adultério como o ato de um casado manter relações sexuais com alguém que não é seu cônjuge. Mas Jesus disse: “Qualquer que olhar com um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou.” Ou seja, o ato parte de uma intenção, de uma motivação e é isso que Deus irá julgar.
A Lei diz: “Não Matarás.”, mas o Ap. João em sua primeira carta nos diz que quem odeia seu irmão é assassino, ele não precisou tirar a vida de alguém para ser uma assassino bastou a ele deixar que um sentimento tomasse conta de seu coração.
Pense só nestes dois mandamentos quantos de nós já não estamos desclassificados diante de Deus, não porque cometemos o ato, mas porque estamos cheios de más intenções e motivações? Nunca adulterei (manter relação com uma pessoa fora de meu casamento), mas quantas vezes meus olhos não espreitaram outra mulher? Nunca matei ninguém, mas quantas vezes não quis ver alguém se “lascando na vida”?
Quer um pouco mais? Jesus disse que o maior mandamento é: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.” Mateus 22:37
Você já parou para pensar no que este versículo nos diz? Jesus disse que deste mandamentos e do amarás a teu próximo como a ti mesmo depende toda a lei e os profetas, ou seja, todos os mandamentos ordenados por Deus, todas as exortações dos profetas, tem como ponto de partida estes dois mandamentos.
Voltando a Mateus 22.37, lemos que devemos amar a Deus de todo o coração, ou seja, com integridade de coração, não pode haver espaço para nada que tome o lugar de Deus em seu coração, e não apenas no coração, na tua alma, isso fala de que não pode haver nada que comande a sua vontade a não ser Deus, mas também você deve amar ao Senhor com todo o seu pensamento, ou seja, não há espaço para malícia, lascívia, ganancia, avareza, justiça própria, etc., em nossos pensamentos.
Não sei se consegui ser claro, mas não conseguimos atingir os padrões divinos, pois somos fracos e estamos cheios de fraquezas.
Nós pecamos contra o Senhor todos os dias, quer por ações, quer por intenções, quer por motivações. E agora o que será de nós visto que teremos que prestar contas de nosso viver? “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas.” Hebreus 4:13
Como poderemos viver a plenitude de Cristo, herdar nossa herança, entrar em nosso repouso prometido se somos desobedientes como aquela geração? Se não conseguimos atingir os padrões divinos por causa de nossas fraquezas?
Somos tentados por todos lados para não agradarmos a Deus e o pior do que sermos tentados é que sucumbimos as tentações, constantemente. Diante de um quadro assim “Já era para nós.” Essa seria a conclusão mais óbvia.
Mas a palavra de Deus nos dá esperança, o autor de aos Hebreus nos diz que temos um Sumo-sacerdote, este tinha no velho testamento a função de ser um mediador, um intercessor, ou seja, se colocar entre o povo e Deus e agir como um reconciliador, ele tinha a função de levar o povo a Deus e trazer Deus ao povo.
E nós temos um sumo-sacerdote onde nós mais precisamos que não é em um tabernáculo humano e sim no tabernáculo celestial, este sumo-sacerdote está na presença de Deus. E esse sumo-sacerdote experimentou a fraqueza humana, e a força da tentação, ele teve resistir ao pecado até o sangue.
Esse sumo-sacerdote celestial Jesus, não pecou, mas sabe como sofremos por nossa condição fraca, por isso ele pode se compadecer. Em outras palavras Jesus sofre junto com os que estão sofrendo por suas fraquezas e quedas.
Por que é importante entendermos isso? Porque desta forma nos aproximaremos cada vez mais dele, sabendo que ele nos compreende, e não apenas isso ele pode nos ajudar.
“Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.” Hebreus 4:16
Podemos nos aproximar com confiança, uma tradução mais profunda seria podemos nos aproximar com liberdade de expressão, em outras palavras podemos nos aproximar dele e abrir o jogo, pois ele conhece nossas fraquezas, conhece nossa condição de fraqueza e sofre conosco, por causa dela.
Em um momento de fraqueza, de tentação o que nós mais poderíamos querer do Senhor? Graça e Misericórdia no momento de necessidade, graça como favor imerecido, favor de Deus que nos ajude a resistir as tentações, a vencer nossas fraquezas e misericórdia não recebermos a pena por termos cedido a fraqueza e as tentações.
Irmãos temos nossas fraquezas de cada dia, somos fracos e pecamos contra o Senhor constantemente, todos os dias. Quem de nós não possui aquelas tentações insistentes? Aquelas fraquezas que insistem em nos derrubar e nos afastar da presença de Deus?
A palavra do autor de Hebreus é aproximem-se do trono, pois lá não tem juízo para vocês e sim graça e misericórdia para aqueles que humildemente reconhecem suas fraquezas.
Só os fracos humildes alcançam favor diante do trono de Deus, fracos todos somos, transgressores todos somos, mas a diferença é que alguns reconhecem suas fraquezas e humildemente se colocam na dependência divina. São esses que experimentaram a plenitude de Cristo, que herdaram as promessas e entraram no repouso do Senhor.
Fracos se humilhem diante do trono do Senhor, Fracos dependam do Senhor para vencer suas fraquezas, fracos dependam do Senhor para não receber o que deveriam.





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