Vejo os homens como árvores...
“E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe
um cego, e rogaram-lhe que o tocasse. E, tomando o cego pela mão, levou-o para
fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe
se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens; pois os
vejo como árvores que andam. Depois disto, tornou a pôr lhe as mãos sobre os
olhos, e fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu cada homem
claramente.” Marcos 8:22-25
Este é um dos textos impressionantes
com relação à maneira do Senhor trazer cura às pessoas. Em um tempo de tanta
ênfase em curas divinas, precisamos entender qual o verdadeiro valor das curas
diante de Deus. Jesus nunca curou alguém pelo simples fato de curar, mas todas
as curas que ele proporcionou tinham um ensinamento maior por traz do milagre.
E está cura registrada em Marcos
8 não é diferente, mas para compreendermos o que estava por trás desta cura
precisamos ver o contexto ao redor da cura.
Marcos capítulo oito começa nos relatando
a segunda multiplicação de pães operada pelo Senhor, nesta multiplicação são
usados sete pães para alimentar quatro mil homens, a sobra deste milagre é de
sete cestos. Após este milagre eles entram no barco para ir a certa região, lá
Jesus é tentado pelos fariseus que pedem um sinal do céu que comprove sua
divindade, o Senhor não cede a eles e parte novamente de barco.
Enquanto estão no barco ele
constatam que só havia um único pão para que pudessem se alimentar, nesse
momento o Senhor lhes dá uma lição, o Senhor lhes diz: “Cuidado
com o fermento dos fariseus e de Herodes.”
Neste momento os discípulos
começam a discutir entre si, porque achavam que o Senhor estava falando aquilo
pelo fato de eles não terem levado mais pães, ou seja, o Senhor lhes falava de
algo espiritual e eles pensavam nas coisas materiais, o Senhor lhes falava de
coisas do alto e eles pensavam nas coisas da terra.
O Senhor os reprende pela falta
de compreensão das coisas espirituais. “E Jesus,
conhecendo isto, disse-lhes: Para que arrazoais, que não tendes pão? não
considerastes, nem compreendestes ainda? tendes ainda o vosso coração
endurecido? Tendo olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e não vos
lembrais,” Mc 8:17-18
O Senhor lhes lembra da
multiplicação dos cinco pães e dos sete pães e quais foram os resultados disso,
mas eles não conseguiam enxergar o que estava por trás destes milagres.
Quando continuamos a ler o texto
parece que eles encerram o assunto ali e tocam a vida seguindo para a direção
de Betsaida (casa de pesca). “E ele lhes disse:
Como não entendeis ainda? E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego, e
rogaram-lhe que o tocasse.” Mc 8:21-22
Chegando em Betsaida é trazido um
cego até o Senhor para que este o curasse. Então Jesus tira aquele homem cego fora
do povoado e cospe nos olhos do cego e lhe impõe as mãos, em seguida o Senhor
lhe pergunta: “Vê alguma coisa?”, o que
aquele homem lhe responde: “Vejo os homens;
pois os vejo como árvores que andam.”, ou seja, estou vendo, mas não
com nitidez.
Assim o Senhor lhe impõe as mãos uma segunda
vez e agora aquele homem começa ver com clareza. Saindo de Betsaida eles vão
para Cesaréia de Felipe, e no caminho qual é a pergunta de Jesus aos discípulos?
Como os homens me veem e como vocês me veem?
O que vemos com isso é que aquela
cura em Betsaida tinha o intuito de ensinar uma realidade aos discípulos e a
nós.
Que realidade? Que podemos ter
sido tocados pelo Senhor e ainda sim não vermos as coisas com clareza, podemos
estar vendo as coisas de forma nebulosa. Era isso que estava acontecendo com os
discípulos ainda que houvessem sido tocados eles estavam como aquele homem,
tirados da cegueira, mas ainda sim não estavam vendo com clareza.
Por isso eles não conseguiram
compreender quando o Senhor os falou sobre o fermento dos fariseus e de
Herodes, e muito menos conseguiram compreender as multiplicações.
Essa cura nos mostra que de
tempos em tempos precisamos de um segundo toque do Senhor, um novo toque que
faça com que as coisas fiquem mais claras a nós. O que levou aquele homem a
receber o toque que permitiu que tudo ficasse claro para ele foi sua
sinceridade com o Senhor, “Eu vejo, mas não
de forma clara.”
Isso é nosso dia a dia com o
Senhor, por mais tocados que fomos pelo Senhor nossa visão ainda é turva com
relação às coisas espirituais, por isso necessitamos de um toque do Senhor que
torne as coisas claras.
Agora entendemos porque o Senhor perguntou
a caminho de Cesaréia: “Como os homens me
veem e como vocês me veem?” A resposta de Pedro é; “Tu és o Cristo.” O que parece é que agora os
discípulos estavam começando a ter visão espiritual, mas quando seguimos na
leitura vemos Pedro sendo usado pelo inimigo e pensando nas coisas terrenas, ou
seja, eles saíram da escuridão total, mas ainda não viam as coisas como
deveriam ser vistas.
Nós não podemos achar
presunçosamente que já possuímos uma visão clara, quanto as coisas espirituais.
Assim nossa resposta ao Senhor a pergunta:
“O que
vês?”, deve ser: “Vejo os homens
como árvores que andam.” Em outras palavras: “Agradeço
por ter me tirado da cegueira, mas ainda minha visão está turva.”
Devemos dar glória ao Senhor
porque antes estávamos em trevas, e ele nos tirou das trevas, mas entendamos
que todos os dias, devemos dizer ao Senhor em humildade: “Ainda
não vejo de forma clara”.
Quanto ainda esta turva nossa
visão com relação as coisas espirituais, mas que o Senhor nos toque a fim de
vermos as coisas com mais clareza.
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